A imensa falta de um pai
Quando uma criança nasce é natural pensar nos que partiram. O meu pai partiu quando eu tinha oito anos. Quando vi o Gustavo nos meus braços lembrei-me dele. Que pena ele não estar para ver o neto e como a sua filha está grande. Já é mãe! Que pena não ver o seu sorriso babado diante dos meus olhos. É, senti saudades e tentei imaginar a cena. Infelizmente não passou de uma simulação mental de imagens onde eu ia chorar, onde ele ia segurar no neto. A vida simples dentro de mim. Durante estes nove meses pensei no meu pai, era inevitável. Sei que tentei por diversas vezes bloquear o pensamento. Sou boa. Recentemente a minha irmã enviou-me uma foto do meu pai quando ele era um adolescente. Daquelas coisas que não estás nada à espera. Arrepiei-me. Logo as lágrimas desceram pelo meu rosto e as lembranças regressaram. Às vezes, acho que esqueci o seu rosto. Faço força força força no sentido inverso para recordar. Se antes a sua ausência era sentida como uma dor, algo que não me permitia aceitar a felicidade, agora é vista como uma continuação, aquele momento que mudou a minha vida para sempre. A vida tem truques.
A falta que um pai faz na vida de uma pessoa. Na minha vida fez imensa, imensa. Ainda hoje.