Uma rua feita de algodão
O corpo avisa, “vai fazer o teste”. “Já vou”, pensava. Tantas vezes fiz o teste, depois do teste negativo aparecia a menstruação. Na quinta-feira, dia 11 de Julho, decidi comprar o teste. Esperei pela manhã seguinte para saber o resultado. Nessa noite sonhei que estava a fazer o teste, dormi mal, estava super ansiosa. Um filho. O marido sentiu a agitação, “dorme, ainda é cedo”. Não esperei pelo despertador. Salvei da cama, agarrei-me ao teste com unhas e urina e esperei em frente do espelho. “Tu estás grávida, não enganas ninguém”, falei com o espelho. Positivo! Engoli o choro, fui acordar o marido e vesti-me para ir trabalhar. Dei uns pulos de alegria no quarto. Não contei logo ao pai da criança, queria o segredo só para mim durante um bocadinho. Fui trabalhar, a rua estava pintada de cor de rosa com janelas de algodão. O chão tinha mil cores e o céu era amarelo com bolinhas azuis. Quando me sentei na cadeira do escritório, os olhos choraram de alegria. Sozinha, com as mãos na barriga em busca de um sinal qualquer via semente minúscula. De dois passámos a três. De completa, passei a transbordar de felicidade.