Exposição da tua vida
Estive a dar uma vista de olhos nos textos de antigamente. Para além de ser mais fixe como gente que escreve, faço menos filtros. E fazer menos filtros é fixe, admite. Escrever sem pensar é bom, muito bom. A sensação de liberdade dá aquela genuidade que olhos postos em cima de nos tira. Pura da verdade. Entre um texto e outro, entre gargalhadas das minhas loucuras, aventuras amorosas, desventuras pirosas e dramáticas, li uma frase que ainda hoje guardo para mim e serve de conselho para muita gente. “Expões-te muito, ficas frágil”, pronunciada por uma amiga de outro blog, presentemente encerrado. Lembro-me que na altura foram palavras sábias para a minha mudança na forma de levar os blogues. E que talvez tenha acordado para a vida depois de ter ouvido aquele conselho. Ela tinha razão, continua a ter. A exposição faz de nós muito mais frágeis. Contar tudo, detalhes, vida amorosa. É importante saber guardar alguma coisa para nós. Proteger é o verbo, mesmo sem protecção. Tudo o que escrevemos pode ser interpretado de várias formas. Não contar deixa-nos confortáveis para dizer ou pensar “não sabes de tudo, não sabes o que dizes”. Deixa-os falar. Decidi escolher a hora certa para contar. E não custa nada guardar a felicidade. Partilhar é bom, não digo o contrário. Talvez por isso existam tantas pessoas a publicar fotos atrás de fotos, a criar blogues, a escrever no facebook. E quando reclamas da falta de privacidade, a culpa é somente tua porque não soubeste filtrar. E quando reclamas que se metem na tua vida, a culpa é somente tua porque deste alguma liberdade para a situação. Salvo algumas excepções, a culpa é unicamente tua. É de notar que os blogues com menos filtro são os que mais comentários estúpidos recebem. Assim como os blogues mais visitados são os que têm menos filtro. No Youtube acontece o mesmo.
Quem me conhece sabe o que escrevo sem escrever, filtrado. Os outros, deduzem. Tanto faz.