Este post é sobre pessoas esquecidas
Viver com ou perto de pessoas esquecidas dá trabalho. A pressão que o outro não se esqueça disto ou daquilo é enorme. Para além das nossas responsabilidades, temos que pensar nas responsabilidades pelos outros e não podemos descansar o corpo na areia com os braços atrás da cabeça. Simplesmente, é viver à beira da loucura. “Esqueci-me” não serve como desculpa, do meu ponto de vista. Para mim, falta de memória é igual à falta de responsabilidade. Está lado a lado com a expressão “estou-me a cagar”. Porque quando importa, não há como esquecer. Aposto que o amante do futebol não se esquece da hora do jogo. Aposto quase tudo o que tenho. Aposto que na hora de fazer compras não se esquece da cerveja mas esquece-se do detergente para o chão porque simplesmente não limpa o chão. Epá, eu não aceito bem esse tipo de desculpas. São, nada mais, nada menos, desculpas ou negligência para com os outros. Trabalhar a memória pode ser complicado mas é possível. Ou então fazer como o outro e andar sempre com post-its no bolso. “Nunca te esqueces de nada?”, perguntas. “Claro que me esqueço”. Mas não perturbo ninguém. Ninguém tem de se ralar com as minhas coisas, com a minha falta de memória. Tenho uma memória boa e sou uma pessoa preocupada com os outros. Exactamente o contrário das pessoas esquecidas.
Nota, se contabilizares um “esqueci-me” por dia estás perante um ser altamente irritante. A probabilidade de te tornares um chato é gigantesca, visto que os que não são esquecidos têm de passar a vida a lembrar os esquecidos ou a reclamar “nunca te lembras de nada”. E nós é que somos chatos? Sério?