Pudera
Há alguns anos atrás, tantos anos que nem me lembro como era o meu rosto, uma amiga fez acusações fortes a meu respeito. A nossa amizade era unha e carne. Via-a como uma irmã, inseparáveis. Na altura, namorávamos, saímos os quatro juntos para jantar ou fosse lá o que fosse. Pensava que ela era minha amiga. Pensava, na verdade não era. Depois de uma ida à praia, uma outra amiga alertou-me para o facto de ela andar a dizer que eu “andava a tirar fotos ao seu namorado” no pior sentido que possa ter. Sempre achei que ela era ciumenta obsessiva. E era. Ninguém no seu perfeito juízo ia para a varanda espiar o namorado com uns binóculos. Não preciso de dizer mais nada, né? Ela tinha problemas gravíssimos e eu fui arrastada. Fui pedir-lhe satisfações e ela confirmou a história. Custou-me imenso cortar relações de amizade com ela mas depressa deixei de sentir saudades e perceber que esta história só podia ter surgido com o objectivo de me afastar. Talvez soubesse de mais. A vida continuou. O casal continua. Nunca a vi acompanhada por uma amiga, vejo-a sempre sozinha ou com a mãe. Pudera.