O livreiro está triste?
Aposto que o livreiro cada vez que fecha a porta da livraria pensa que um dia não a volta a abrir por culpa das novas tecnologias. Aposto que cada vez que vê uma moça agarrada a um kindle ou kobo tem vontade de agarrar aquelas mãos tão bem cuidadas. Aposto que tem desejo que o mundo volte no passado e seja como era antigamente, perto da lareira, um chávena de café e um pedaço de bolo. “Não menina, não vendo essas coisas esquisitas, aqui só temos livros de papel, não conheço livros de outra forma. Já olhou para as flores de plástico? É igual, menina.” Tenho pena do livreiro adormecido no tempo. Consigo entender a sua dor, consigo sentir afecto por ele mas mesmo assim prefiro correr lado a lado com o tempo. O tempo não abandona os livros mas quer mais tempo para colher flores verdadeiras.