Tanto por fazer em 2012
Ficou tanto por fazer este ano. Não comi jacaré com limão, não salguei os olhos nas praias do norte. Não decorei o meu quarto como queria, mas não passa do próximo ano. Estou de olhos na nova estante e secretária. Não comprei a mota dos meus sonhos. Não corri a avenida descalça com medo de me cortar. Fui sempre eu, mesmo quando estava a fingir força. Quando fazia força para não deitar cá para fora o que anda engasgado há meses. Fui tudo o que podia ser. Reclamei, sempre na esperança de melhorar. Melhorou, só os cantos ficaram por varrer. Não andei de bicicleta pelos montes alentejanos. Nem comi queijo na serra da estrela. Não vi nenhum arco-íris, agora é que percebi. Escutei música, mas não os vi cantar para mim. Sei que fui um misturo de caras, sossegadas, pensativas, alegres e tristes. Só chorei, no máximo, três vezes. E sempre por alguém, por mim. Ficaram mais lágrimas por chorar, pelos outros. Muitos encontros ficaram por marcar. Muitos rostos por rever. Todos os que não conheci.