o rapaz do casaco verde
O rapaz do casaco verde entrava pela livraria numa manhã depois do café e do pão com manteiga. Debaixo do braço trazia um objecto que não ia conseguir ver de imediato. Espreitava primeiro as novidades. Os livros em promoção. Eu parava de limpar a secção de psicologia e dirigia-me ao rapaz. Rapaz bonito este, eih? “Posso ajudá-lo?”, perguntava-lhe e ele nem sequer olharia para mim. Esperava pela resposta sem insistir. As pessoas odeiam sentir pressão seja no que for. “Sim, preciso de encontrar um final.”. Ficaria confusa com a resposta. Que raio de resposta! “Pretende um final para quê?”. “Não é no final que se encontra a verdade?”. Sim, é no final que se descobre quem se amou, se pensou amar, se desejou, se sofreu. A verdade das pessoas só se descobre no final. Trabalhar numa livraria seria fascinante, o melhor emprego do mundo com os melhores clientes do mundo.