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Longe de ti quero os livros, a escrita, o pedaço de silêncio. As palavras duras dos amigos, ou o ombro para chorar. Longe de ti prefiro o mundo vazio, um vento quente a bater-me nos cabelos cobrindo a paisagem. Encho os olhos de lágrimas e deixo-as escorrer devagar, de forma poética. Quando chegam aos lábios escolho provar uma lágrima salgada e guardar a outra na mão fechada. Longe de ti prefiro andar descalça, perto do perigo, tocando as paredes e pensando. Pensando, pensando, no vazio. Prefiro os estores fechados, o escuro, as mantas. Tu longe. Não, não, não! O copo de vinho será a minha comida, o meu desabafo, o meu refúgio. Sem ti, o meu corpo morre, a minha alma chora. Serei uma ferida. Um sufoco apertando-me a garganta debaixo da chuva. Cabelo despenteado, fugindo dos espelhos, querendo a tua imagem. Não serei, serei um não antes de cada palavra. Sem ti só escuto a tua voz. Sinto a tua mão no meu rosto. Sem ti, deixem-me em paz.