...
Frio na barriga quando as estatisticas dizem duas pessoas em visita real.
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Frio na barriga quando as estatisticas dizem duas pessoas em visita real.
Estou a tentar escrever... mãe. Estou a tentar escrever um bocado para... mãe. Estou a tentar escrever para sentir-me mais...mãe. Mãe. Mãe. Já volto.
Estou a escrever isto com a certeza de que ninguém vai ler. Já meti o blog público portanto é contraditório. No entanto, no fundo, talvez queira que alguém leia este grito. Um grito escrito, no fundo. Um grito devia ser alto para se fazer ouvir. Não interessa, faz de conta que estou a gritar. Eu, sou mãe e no entanto sinto-me num papel ingrato porque sou mais do que isso. Sou mulher. Pedir amor, ter amor. No fundo, talvez goste de saber o meu valor para além de dar papa e sopa. Mudar fraldas, às vezes. Sou óptima a dar papa, não sou assim tão boa a mudar fraldas. Um grito. Um grito que ninguém vai perceber. Sou uma princesa no castelo feito de birras, roupa suja e sofá com nódoas. Sou uma princesa. Sou? Sou. Foi esse papel que nasceu primeiro, quando eu comia a papa e alguém me dava. Depois as coisas complicaram-se e sou eu a dar a papa. Às sete. Porque não pode ser antes nem depois. Tem de ser às sete. Eu sinto-me presa a um papel que não quero. Porque sinto-me dona de vários papeis mas só me entregaram este. Vá, interpreta. Vá, mostra como sabes cozinhar e ser mãe. E tomar conta de tudo. Consigo, mas não quero. Quero só ser eu. Deixem-me ser só eu. Sem me dizerem, tão bonito, tão fofo, tão querido, tão tão tão... Não valo nada. Desculpem.