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Mais do que às prendas, dou mais importância à família. É verdade, gosto imenso de receber prendas mas este foi um ano de transformação e dei por mim a querer surpreender as minhas pessoas queridas e fofas do que propriamente pensar no que ia ou não receber. Queria uma ou duas coisas mas o que viesse seria bem vindo. Adorei o meu Natal. Por tudo. Foi especial e diferente de todos os outros anos. Mascarei-me de Pai Natal e consegui enganar a minha sobrinha. Quando despi o fato e fingi entrar em casa pela primeira vez a Eva saiu-se com esta, "Oh tia, teve cá o Natal". Mais tarde quando descobriu os óculos esquecidos do Pai Natal, "O Natal vai voltar, deixou os óculos...". Foi lindo.
Ângela. Nome este que jamais darei a uma filha, a uma cadela ou a uma tartaruga. Nome este que será riscado do meu dicionário. Se um dia alguém me apresentar uma Ângela, farei questão de dizer que não estou interessada em conhecer e que tenho de ir apanhar o autocarro. Prefiro mil vezes o nome da filha da Floribela (que nem sei escrever e também não sei se prefiro mas quero mostrar que não gosto nada do nome Ângela). Ângela. Ângela. E de anja(la) não tem nada.
Podia pedir umas cenas ao Pai Natal mas ele também está em crise. Eu, Cláudia Oliveira, respeito qualquer peluche que esteja em crise. O quê? O Pai Natal não é um peluche? Mau... Querem ver que ando a dormir com o Pai Natal e o namorado não me avisou? Mas sério? O Pai Natal existe e dá presentes ao pessoal? Sendo assim, aproveito para dizer que venha a prenda que vier que venha inteira. Ho ho ho...
Talvez os problemas que tu tenhas façam parte da tua vida. Sim, talvez a dor que sentes tenha a ver com as histórias que irás contar aos amigos na esplanada entre lágrimas. Ou então não. Tem, tem tudo a ver. Olha para ti sempre feliz e sossegada no sofá. Tão giro e quentinho e depois? O que fizeste tu para viver? Sim, talvez um dia tenhas saudades das dificuldades ou dos problemas.
Quando não há o 37, compra-se o 38. É assim o pensamento da mulher que tem medo de ficar descalça."Isto serve e se não servir, troca-se". Depois é só calçar mais um par de meias e tentar equilibrar o pé numa descida qualquer. Caso contrário, queda. Queda livre, com direito a rabo contra o chão frio do terceiro andar. Não preciso de explicar o resto, pois não?
Já comprei as prendas todas de Natal. Este ano não vou andar metida em filas de gente, em centros comerciais apinhados com gente maluca. Não vou fazer embrulhos a correr ou tudo umas horas antes. Este ano sou uma mulher organizada e supéadulta. E sem workshops. É tudo produto da minha maturidade e experiência. O Natal não devia ser o Carnaval disfarçado, onde a confusão e adrenalina se misturam. Reparem no menino Jesus deitado nas palhas a fazer cocó na fralda, sem se preocupar com as prendas dos Reis Magos. O menino Jesus não faz listas, não escreve cartas ao Pai Natal. O menino Jesus está a fazer o seu cocó e a pensar "se eu criasse o Pai Natal largavam-me da mão?"
O rapaz chega sempre atrasado excepto nos dias de jogo. É lindo o encanto que ele tem pelo desporto e quase nenhum pela namorada que passa os dias à espera para ir fazer as compras de Natal. Nos dias do futebol não pode, nos outros chega tarde. Um dia o futebol acaba e as mulheres serão muito mais felizes. Que diga esta moça que eu conheço quase como uma mãe conhece a filha.
Perdi o juizo ao som dos Radiohead, com quinze anos. Fugi de casa de madrugada para ir comer bolachas para o telhado. Subi paredes e saltei muros. Brinquei como os rapazes e com eles. Dancei ao som de um rádio a pilhas. Chorei em cima de pedras vazias e frias ao lado do meu melhor amigo. Criei histórias e contos de fadas longe dos problemas de adulto. Sonhei alto e desisti de tudo. Na altura sentia-me dona do mundo e o papel principal de uma história. Ainda hoje sinto que vivo numa história mas fiquei com o papel secundário. Nada a fazer. O palco nunca foi o meu lugar. Regressando aos Radiohead, foi um rapaz que me mostrou e não gostei mais deles por isso. Meteu o cd a tocar no quarto e fez-me acreditar, por uns tempos, que tinha melhor gosto musical que a maioria dos rapazes da minha idade. Não gostei mais dele por isso mas senti-me mais adulta por me dar com alguém tão awesome. Os Radiohead não são os meus preferidos mas lembram-me uma das melhores fases da minha vida. Simplesmente, sempre que os oiço, tenho vontade de voltar à floresta mágica, partilhar os beijos que não dei, discutir sem querer a razão e tropeçar para cair na relva molhada para depois a minha mãe ralhar com a quantidade de roupa que tem para lavar.