Sociedade peço desculpa a sinceridade, começo a deixar de gostar de vós
É importante revelar ao Mundo o estado civil. Revelar todas as viagens. Revelar com quem namoram. Que acabaram de se divorciar. Ou vão casar. Que acabaram de acordar e à tarde vão ao cinema. O Mundo precisa de saber. Há que conta, revelar. Caso contrário o Mundo curioso não dorme. O Mundo gabarolas não dorme.
Sinceramente, assusta-me, não gosto da nova sociedade. Quero as pessoas de antigamente. Quero conversas cara a cara. Quero os telemóveis no lixo para falarem comigo a olhar-me nos olhos. Quero pessoas mais contidas. Pessoas que deixem de confiar a sua vida a qualquer um. Que guardam as fotografias num álbum antigo e mostrem aos amigos mais chegados. Que me escrevam bilhetes em vez de sms atrás de sms. Prefiro gargalhas a LOL. Sorrisos verdadeiros em vez de :D. Prefiro as quintas com hortaliças de verdade em vez do FarmVille. Prefiro namorar com beijos em vez de @. Parei no tempo? Não, não parei. Vejo a sociedade avançar pelo caminho errado. Avanço ao seu lado. Mas consegui colocar travões. Fazer escolhas. Desisti de abraçar esta sociedade louca que vejo por aí. Gosto de pessoas reais, virtuais, pessoas no fundo. Mas sinceramente? Já gostei mais. Fico desiludida com o que vejo. Com a exposição sem sentido. E quando oiço dizer que o Facebook é a nova ameaça acredito que seja.
Vamos todos viver e ir para o computador contar ao Mundo, o Mundo tem necessidade de saber. Vamos todos viver e perder o que está ao nosso redor agarrados ao telemóvel. Vamos todos viver e tentar comparar com a vida de outro.
Vamos todos viver e em tempo real não viver a vida real.