agarradas à dor, tal estúpidas
Que mania a nossa de nos prender ao que nos faz mal. Que mania a nossa de querer ver o fim do vilão. Seguir a novela da televisão generalista. Não vale a pena, mas a curiosidade é maior. Sempre maior. Seja um começo, seja um final. A dor é superior ao bem-estar. É. É. A incómoda sensação no estômago prega rasteiras. Está tudo controlado uma ova. Queremos sempre salvar tudo e todos. Mudar o estragado. Tempo perdido, causas perdidas. Queremos ser heroínas humanas. Mulheres prontas a fazer de um pequeno homem um verdadeiro homem. Fazer da pedra, um diamante. Quando lapidado vale milhões de lágrimas derramadas. Deixa de ser nosso. Pronto a libertar-se do controle sufocante das mãos de uma mulher. Com a mania de fazer do imperfeito a perfeição. Procurando a salvação em qualquer rosto, de forma a não apagar a esperança de existir o verdadeiro amor no meio de tanta falsidade humana. Vendo romance em cada gesto pequeno. Desculpando cada falta de memória. Uma chamada não recebida. Impaciência nossa, culpa da falta de compreensão feminina. Histéricas, prontas para gritar no sossego do lar. Procurando sempre motivos para brigar. Nada em condições. Tão preocupadas em sermos as únicas no Mundo de alguém, nunca acreditando ser. Existe sempre uma "ela", um outro alguém.
Antes de sofrermos uma desilusão, passamos o tempo inteiro a prever, de forma a anteciparmos o que faremos, caso um dia seja de verdade. Somos sempre apanhadas de surpresa, sem aprender. O amor é estúpido e faz de nós estúpidas. Crentes em pessoas estúpidas. É uma questão de igualdade. Procurando a perfeição sabendo não existir. Procurando a formula de sermos pioneiras neste mundo das paixões. "Eu sou a mulher mais feliz do Mundo!", é apenas o que queremos gritar. Dependendo apenas de nós. Sem ninguém perceber a razão.