sonhos pequenos, grandes sonhos
A minha irmã sempre sonhou pequeno. Lembro-me das nossas conversas de miúdas. Antes de adormecermos, contava-me que queria abrir um café quando fosse mais velha. Eu ria-me. Um café? Oh rapariga que raio de sonhos tens tu. E chegou mesmo a trabalhar em vários cafés da zona. Nunca parava no mesmo lugar. Saltava de emprego em emprego. O seu sonho era aquele e ninguém os ia mudar. Eu sonhava ser dançarina. Professora. Jornalista. Escritora. Casar. Ter uma menina. Levar a minha mãe para minha casa para me fazer o jantar. Ter uma biblioteca só minha. Ser rica. Sempre sonhei alto. Queria tudo ao mesmo tempo. Ainda não realizei nenhum deles. Nem um. Por querer tudo. A mana já está casada, tem uma menina e está a uma semana de abrir o café dela. A mana é mais nova que eu. Conseguiu aquilo que sempre quis. Orgulho-me dela. Oh rapariga quem diria, quem diria. O tempo passa, eu cá ando. A sonhar. A querer tudo ao mesmo tempo. A fazer tudo ao mesmo tempo. A sonhar alto, a conseguir sonhos pequenos.