Quando se pode ter mais, quem é que quer menos? Eu
Quando andava na primária não queria beijos na boca. Só queria aprender a escrever e os meus unicos beijos era na mão de um rapaz chamado Pedro. Ele pedia-me beijos na bochecha, mas a menina de saia ao xadrez (eu) achava demasiado. Não queria esse genero de intimidades. Ao Pedro só dava beijos na mão. Na mão mesmo. Algo estúpido mas que o marcou para sempre. Marcou tanto que assim que apanhou uma miuda que lhe dava beijos na boca, largou-me logo. Tinha seis anos e esta foi a minha primeira desilusão de amor. Não me chegou afectar. Eu entendi o Pedro. Aliás, sempre fui muito compreensiva quanto aos seres vivos e suas necessidades. Quem é que no seu perfeito juízo queria beijos na mão quando podia ter beijos na boca? Ninguém. Apenas eu. O Pedro era o rapaz mais forte da escola, adorava jogar à bola. Eu preferia escrever e andar no escorrega.
Às vezes ainda prefiro.